terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dilema da cidadania


Uma das inconveniências de se ser um cidadão consciente é que às vezes a gente é obrigado a agir como um e ocorre que cidadania é quase que uma arte perdida nos tempos em que vivemos.  Enquanto cidadão consciente me sinto no dever de falar a respeito da necessidade do voto responsável, para a manutenção do processo democrático e do estado democrático de direito mas aí surge ela, sempre ela, a realidade, e mostra que estamos em uma espécie de guerra perdida onde apenas a nossa teimosia nos mantém no campo de batalha.
                Em um processo eleitoral que se passe em um país decente a disputa tenderá a se definir entre dois opositores que representam duas polaridades políticas, geralmente Direita e Esquerda.  Ocorre que estamos em uma situação sui generis na qual não há Direita neste país.  Na verdade não há sequer um a Oposição que honrasse essa condição.  Temos então uma disputa eleitoral onde apenas a Esquerda concorre com suas  diferentes bandeiras, onde todo o resto se compõe de partidos que deveriam mas não são oposição e que quando não são, eles mesmos de Esquerda, são partidos que não são de Direita e não hesitam em compor com a Situação sempre que isso lhes seja conveniente.  Isso se nota claramente pelo modo como eles parecem estar cheios de cuidados em não ofender os brios do partido que atualmente está no poder e “não pegam pesado”  na cobrança de explicações de atos suspeitos desse governo.
                 Na minha opinião, uma eleição assim, onde apenas a Esquerda concorre é uma eleição viciada, onde não importa a legenda que vença, a Esquerda continuará no poder, com nova embalagem, mas ela continuará lá.
                 Desse modo, como é que eu, que sou aquele cidadão consciente, vou falar sobre a necessidade de votar ? Nos termos em que as coisas estão, o meu voto serve apenas para referendar a manutenção do  status quo esquerdista.
                 Não temos um nome forte o bastante para fazer surgir e organizar uma Direita esclarecida capaz de ao menos esboçar reação política a esse esquerdismo que tomou o país.  Pasme ante o nosso horror :  o que temos e que mais chega próximo de uma Direita é o PSDB, aquele dos tucanos, o que é quase que uma piada de mau gosto. Tem de haver uma Direita de verdade, senão vamos ficar como agora, tendo de escolher uma das bandeiras da Esquerda numa espécie de pro-forma onde no final das contas não muda nada e o socialismo continuará no poder.  Numa eleição onde você tem dois candidatos, de maneira que tem de votar em Belzebú ou em Satanás, não mudará nada, seja qualquer dos dois que vença :  o Inferno vai continuar igual.  Nossa situação atual é rigorosamente a mesma.


                                                             Daniel  de Ávila

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