sábado, 31 de maio de 2014

A cadeira vazia...

                 Para  aqueles que esperavam até a sua candidatura à presidência da República, a notícia da aposentadoria antecipada do Presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa, pegou a todos de surpresa. Ou quase todos. Alguns, talvez mais perspicazes, já esperavam que algo poderia ser feito para forçar o Ministro a deixar sua posição por haver contrariado interesses. Ora, em um ambiente onde se encontra em curso o aparelhamento ideológico-partidário, alguém que se mostra imune é  persona non grata  e deve ser removida o quanto antes. E não deu outra.
            O Ministro informa que o motivo para essa antecipação é a sua saúde :  ele tem um grave problema na coluna que exige cuidados especiais e um tratamento permanente, mas isso não começou hoje e por isso especulava-se que a razão seria de outra natureza, e de fato era. Ele tem 59 anos de idade e poderia permanecer até os 70. Mas ele pretendia se aposentar perto do final do ano, porém, às pressas, antecipou.
            O jornal A TARDE, de Salvador, em sua edição do dia 30 de Maio/2014, publica a coluna de Adilson Borges que obteve entrevista com o Chefe de Gabinete do Ministro Barbosa, o diplomata Sílvio Albuquerque Silva, que disse :  "Ele chegou ao seu limite. Não aguentava mais. Cansaço físico e consciência do dever cumprido. Duro e triste o dia de hoje. Mas sinto-me aliviado pela decisão. (...)  Havia ameaças de morte, com telefonemas para o gabinete e a casa dele, com frases covardes como  : 'Sua hora está chegando' ", relatou o diplomata na tentativa de  explicar o inesperado gesto do presidente do Judiciário brasileiro (sic).
           Por umas daquelas incríveis coincidências da vida, quem substituirá Barbosa na presidência do STF não é ninguém menos que o Ministro Ricardo Lewandowski, aquele mesmo que protagonizou ferrenhas discussões com o Ministro Barbosa em plena sessão do STF durante o julgamento do mensalão porque Lewandowski, segundo Barbosa, estava fazendo chicanas visando protelar o processo e se comportando como se fosse advogado dos réus.  Pois a este senhor caberá a presidência do STF doravante, e já está acertado que a situação dos mensaleiros será revista.  Como para o bom entendedor meia palavra basta, isso equivale a dizer que muito possivelmente se vá fazer uma reavaliação do processo que culminará na absolvição dos condenados.
           Usando um método de aritmética  macabra, se verá que Barbosa era um obstáculo à libertação dos criminosos do mensalão, bem como poderia obstruir outros interesses do PT, portanto sua saída era necessária. A seguir, assume Lewandowski que faria a revisão e absolveria os condenados, o que serviria de propaganda política para os interesses do partido nas eleições, onde se diria algo do tipo :   "Estão vendo ?  Os companheiros eram inocentes e estavam sendo perseguidos por interesses político-partidários aos quais Joaquim Barbosa estava simpático, mas agora sim a Justiça foi feita e não existiu nenhum mensalão."   E essa aritmética é macabra por que ?  Porque Joaquim Barbosa já pretendia se aposentar para melhor tratar da saúde, mas parece ter havido a necessidade de fazer com que isso ocorresse antes das eleições, para que fosse o grande trunfo do partido do governo, uma vez que não tem mais nada em que se apegar.
              O nível de certeza de acobertamento e impunidade é além do absurdo. Em qualquer lugar do mundo uma pessoa que ameaçasse a vida de um juiz sofreria todas as consequências disso, mas aqui, nessa terra de desmandos, pessoas ameaçam o Ministro Presidente da Suprema Corte e fica tudo por isso mesmo, e até entendemos  a situação dele que, ao ver que as instituições estão quase todas devidamente aparelhadas, não se poderia confiar numa investigação feita por órgãos do governo que não se sabe a que nível estão comprometidos com outros interesses. E ainda que os culpados fossem identificados, o aparelhamento do Judiciário poderia servir para mitigar ou até anular sua culpa. Portanto, olhando por este viés,  o Ministro Barbosa fez bem em se retirar.  Por outro lado, isso exibe a fragilidade do Estado brasileiro, tomado por criminosos que não se intimidam, se põe acima da Lei e agem com a mais absoluta certeza de impunidade. É o momento de lembrar que coisas assim aconteceram também na Venezuela.
             O que aconteceu com o Ministro deveria ter causado reações enérgicas do próprio STF, da presidência da República, do Congresso Nacional, do Ministério Público e da OAB. Quase todos esses sequer se pronunciaram e os que o fizeram se limitaram a emitir notas de repúdio, ou seja, nada fizeram. Num vergonhoso ato de omissão criminosa, se calaram, como quem esteja a concordar com o que aconteceu.
             Estamos sendo governados e representados por psicopatas, que manipulam uma legião de histéricos que se preparam para dar mais 4 anos para que se efetive uma ditadura comunista no Brasil. Esses idiotas-úteis são idiotas demais para saber que tão logo não sejam mais necessários eles irão passar  para o outro lado do chicote, igual ao que fez o ditador Maduro, na Venezuela que, consolidado no poder, se afastou das instituições e categorias que o apoiavam e se mantem unicamente pelo apoio militar da Guarda Bolivariana, e das milícias cubanas que operam livremente naquele país.
            Na Venezuela houve aparelhamento das instituições ;  houve o programa Mais Médicos, que trouxe quase que apenas agentes cubanos e militares travestidos de médicos ;  houve lei que autorizava a entrada e operação de tropas estrangeiras em solo nacional ;  houve intimidação do Judiciário e leis de controle para censurar a imprensa e a Internet.  Pois tudo isso também foi feito aqui.  Temos o aparelhamento ,  temos o Mais Médicos que, contrariando orientação da OMS, o Brasil dispensou esses "médicos"  de se submeter ao Revalida porque se fossem submetidos se saberia que eles não são médicos e na maioria dos casos tem menos conhecimentos que os nossos enfermeiros.  Já temos também a lei que autoriza a entrada de forças estrangeiras no nosso território ; temos aí a intimidação ao Judiciário e o Marco Civil da Internet. Dito isto, a pergunta que não quer calar : O que ainda está faltando para que você se convença, de uma vez por todas, que já estamos vivendo em uma ditadura ?

                                        Daniel de Ávila
                                              e s c r i t o r

      ________________________________________