terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Almas insultadas



              Se poderia dizer que foi sarcasmo, outros diriam ter sido ironia.  Ocorre que tanto para ser sarcástico quanto para ser irônico é preciso possuir certa dose de inteligência, algo que efetivamente o sujeito não possui. Sim, me refiro ao apedeuta, que nos brinda com mais uma das suas pérolas, essa particularmente ofensiva.
              Aquele cérebro corroído pelo álcool e por ideologias doentes não lhe permite ser sarcástico nem irônico, então ele lançou mão daquilo que estava mais aproximado do seu nível mental, que é o escárnio.  O escárnio está um nível abaixo do deboche.
              Em uma reunião com seus cúmplices, digo, apoiadores, no Instituto que leva seu nome, depois de sabe-se lá quantas doses, o apedeuta disse que nesse país não há uma viva alma que seja mais honesta que ele !  Seja em que instância for, seja no judiciário, no legislativo, entre qualquer que seja a classe social ou profissional :  pode haver alma que seja tão honesta quanto, mas não mais do que ele !
               Aplaudido pela claque de parasitas, o apedeuta parece acreditar no que diz. Pior do que mentir pra si mesmo é acreditar nessas auto-mentiras, e segundo o que disse Joseph Goebbels, uma mentira repetida à exaustão se torna uma verdade, e talvez o apedeuta tenha repetido sandices como essa tantas vezes que agora de fato acredita nas coisas que diz.  Vale lembrar que o autor dessa declaração sobre a sua alma honesta é o mesmo sujeito que aparece em praticamente todos os depoimentos da Operação Lava Jato, e está ele próprio na iminência de ver expedida contra si uma ordem de prisão, tanta da Justiça daqui como pela de Portugal, onde sua alma honesta também fez muitos negócios questionáveis com outras almas igualmente honestas em terras lusitanas. Também é o mesmo sujeito investigado quanto à acusação de tráfico de influência para favorecer empreiteiras, e também devendo explicações sobre a origem de sua súbita fortuna, bem como a de seu filho que era limpador de fezes de elefante no zoológico de São Paulo e de repente se torna um dos maiores empresários do país.  E tudo isso sem que a Receita Federal tenha se dado ao trabalho de verificar esses sinais externos de riqueza, o que eventualmente fará com que chefes e superintendentes desse órgão também tenham de dar explicações.

                 Não se sabe o que a sua reduzida capacidade mental entende como sendo honestidade.  Talvez nessas suas concepções pervertidas o fato de que ainda não tenha sido pego seja uma prova de inocência. De todo modo, ele nos insulta ao dizer que nesse país não há quem seja mais honesto do que ele.  Eu por exemplo, nunca roubei nada, não prevariquei, não fiz tráfico de influência, não fiz a fortuna de minha família com dinheiro público nem fui acusado de nenhum crime, portanto EU sou mais honesto do que  ele, assim como vários e vários milhões de outros brasileiros. Ao dar uma tal declaração ele nos nivela por baixo, porque qualquer comparação envolvendo sua pessoa é nivelar por baixo, e deduz que sejamos todos da mesma laia que ele.  Se fossemos ser honestos como ele esse país já não existiria mais, teria sido totalmente roubado.  Ao se dizer honesto ele insulta a nossa inteligência e ao se dizer mais honesto que todos nós  insulta a nossa dignidade. Ao menos quem ainda tem dignidade ficou ofendido com uma declaração infeliz e debochada como essa. Ainda bem que mais dia menos dia ele estará atrás das grades, ele e sua alma, que é mais honesta do que todas as outras do país.

                           Daniel de Ávila
                                e s c r i t o r

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